Imagens de câmeras corporais de policiais militares revelaram que Jeferson de Souza, um homem alagoano em situação de rua, foi executado durante uma abordagem da Força Tática da Polícia Militar, em São Paulo. O crime ocorreu no dia 13 de junho, sob o Viaduto 25 de Março, no centro da capital paulista.

As gravações contradizem a versão inicialmente apresentada pelos dois policiais envolvidos, um tenente e um soldado, que alegaram legítima defesa, afirmando que Jeferson teria tentado tomar a arma de um deles. No entanto, os vídeos mostram a vítima desarmada, acuada e visivelmente assustada, com as mãos para trás e chorando, quando foi atingida por três disparos de fuzil, que acertaram a cabeça, o tórax e o braço.

Antes da execução, Jeferson foi levado para trás de uma pilastra e permaneceu sentado enquanto era interrogado. Em um momento crucial, o soldado chega a cobrir a lente da câmera corporal. Instantes depois, as imagens mostram Jeferson já morto, indicando que os tiros ocorreram fora do alcance da gravação.

A análise das imagens levou o Ministério Público a denunciar os dois policiais por homicídio doloso, falsidade ideológica e obstrução de Justiça. Segundo a Promotoria, o crime foi cometido com “motivo torpe” e demonstra “absoluto desprezo pelo ser humano e pela condição da vítima, pessoa em situação de vulnerabilidade social”.

Desde julho, os dois agentes estão presos preventivamente no Presídio Militar Romão Gomes. A Corregedoria da Polícia Militar conduz uma investigação interna, enquanto a Secretaria da Segurança Pública classificou o caso como “vergonhoso” e “inaceitável”.

A morte de Jeferson de Souza reacende o debate sobre o uso excessivo da força por agentes de segurança pública e os riscos enfrentados por pessoas em situação de rua, frequentemente expostas à violência e à invisibilidade social.