Empresário com histórico de violência é preso por assassinato de gari em BH

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Renê da Silva Nogueira Júnior, 47 anos, já foi investigado por agressões e homicídio culposo antes de ser preso pela morte de Laudemir de Souza Fernandes

Belo Horizonte (MG) — O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, foi preso preventivamente após ser acusado de assassinar o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, durante uma discussão de trânsito no bairro Vista Alegre, na capital mineira. O crime ocorreu na manhã de segunda-feira (11/8), enquanto a vítima realizava a coleta de lixo com outros colegas de trabalho.

Segundo testemunhas, o crime foi motivado por uma exigência de Renê: ele teria exigido a retirada do caminhão da via para passar com seu carro elétrico. Após uma breve discussão com a motorista do veículo da limpeza urbana, ele desceu armado e efetuou disparos. Laudemir foi atingido na região da costela e, mesmo socorrido, não resistiu aos ferimentos. A causa da morte foi uma hemorragia interna provocada pelo projétil, que ficou alojado no corpo.

Horas depois, o suspeito foi localizado e preso em uma academia de luxo no bairro Estoril, durante operação conjunta das polícias Civil e Militar. A Justiça converteu a prisão em flagrante em preventiva após audiência de custódia realizada nesta quarta-feira (13/8).


Histórico de violência

O caso reacende o alerta sobre o histórico de Renê com a Justiça. O empresário possui uma longa ficha criminal por diversos episódios registrados ao longo dos últimos 20 anos, principalmente no Rio de Janeiro. Em 2011, foi acusado de homicídio culposo após atropelar e matar uma mulher de 50 anos no Recreio dos Bandeirantes. A denúncia incluía também a condução do veículo em alta velocidade.

Em 2003 e 2005, ele foi conduzido à delegacia por episódios de agressão contra mulheres, incluindo sua ex-noiva. Mais recentemente, em 2021, foi investigado por violência doméstica contra a ex-esposa, sendo acusado de ameaças e lesões corporais graves durante o processo de divórcio.

Apesar da reincidência em casos de agressão e comportamento violento, Renê continuava em liberdade até o homicídio desta semana.


Negativa e contradições no depoimento

Durante o depoimento prestado à Polícia Civil, Renê negou ter cometido o crime ou mesmo ter passado pelo local da ocorrência. Segundo o delegado responsável pelo caso, Evandro Radaelli, o empresário apresentou um relato repleto de lacunas e horários desconexos sobre suas atividades no dia do assassinato. Ele alegou ter saído de casa por volta das 8h07, ido ao trabalho em Betim, almoçado, retornado à residência, trocado de roupa, passeado com os cães e, por fim, seguido para a academia.

A investigação considera o comportamento do empresário após o crime como “frio e calculado”. De acordo com a Polícia Civil, ele fugiu do local “tranquilamente, como se nada tivesse acontecido”.


Arma sob suspeita pertence a delegada

A arma supostamente usada no crime foi apreendida durante as investigações e, segundo a polícia, pertence à esposa de Renê, a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira. A Corregedoria da Polícia Civil instaurou um procedimento administrativo para apurar se o empresário tinha acesso ao armamento da esposa e se ela tinha conhecimento sobre o uso da arma.

Em depoimento, Ana Paula negou qualquer envolvimento no caso e, até o momento, não há indícios que apontem para sua participação direta. Ela segue no cargo enquanto a investigação prossegue.


Repercussão e comoção

A morte de Laudemir de Souza Fernandes gerou grande comoção entre os moradores da região e colegas de profissão. Ele era conhecido por ser dedicado ao trabalho e querido na comunidade onde atuava. O crime expõe, mais uma vez, os riscos enfrentados por trabalhadores que atuam nas ruas e a urgência de se discutir violência no trânsito e a responsabilização de indivíduos com histórico criminal recorrente.