Ansiedade e depressão entre jovens disparam após pandemia: especialistas alertam para cuidados com a saúde mental

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Desde o fim da pandemia da Covid-19, os efeitos emocionais e psicológicos deixados pelo isolamento, pelas incertezas e pelas mudanças na rotina continuam impactando a vida de milhares de brasileiros. Entre os grupos mais afetados estão os jovens, especialmente adolescentes e adultos na faixa dos 15 aos 29 anos. Dados do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que os diagnósticos de ansiedade cresceram mais de 25% nos últimos três anos, com o Brasil liderando os índices na América Latina e ocupando o segundo lugar mundial em casos de depressão.

Especialistas afirmam que esse aumento está relacionado a diversos fatores, como o isolamento social prolongado, a interrupção das aulas presenciais, a insegurança econômica vivida pelas famílias, o excesso de tempo nas redes sociais, o luto por perdas familiares e a pressão por resultados em meio à instabilidade emocional. De acordo com a psicóloga clínica Amanda Soares, a pandemia interrompeu etapas fundamentais do amadurecimento emocional dos jovens, e muitos passaram a enfrentar dificuldades para lidar com suas emoções, desenvolver autonomia e manter relações sociais saudáveis.

Apesar de muitas vezes serem confundidos com mudanças normais da adolescência, os sintomas de ansiedade e depressão devem ser observados com atenção. Irritabilidade constante, isolamento social, alterações no sono e no apetite, queda no desempenho escolar, sentimentos de tristeza persistente e até pensamentos autodepreciativos podem indicar a presença de transtornos mentais que exigem acompanhamento profissional.

O acompanhamento psicológico é essencial para a prevenção e o tratamento. No Sistema Único de Saúde (SUS), é possível buscar atendimento gratuito nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e através de programas escolares. Amanda destaca a importância do apoio da família nesse processo, reforçando que escutar sem julgamento e levar os sinais a sério pode fazer toda a diferença.

Além disso, iniciativas como o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece atendimento gratuito pelo telefone 188, e plataformas digitais com sessões acessíveis, têm ajudado muitos jovens a buscar ajuda. Um exemplo é Lucas, de 18 anos, estudante em Maceió, que relatou ter iniciado crises de ansiedade em 2021. Ele contou que só conseguiu melhorar após iniciar sessões de terapia, que continuam até hoje.

O cenário atual exige atenção de pais, educadores e da sociedade como um todo. Falar sobre saúde mental, acolher e orientar os jovens pode ser um passo decisivo para salvar vidas.