A ideia que hoje é comum em milhões de lares brasileiros — tomar banho quente com o uso de eletricidade — surgiu da criatividade e necessidade de um jovem inventor de Jaú, interior de São Paulo. Francisco Canhos, engenheiro eletricista autodidata, criou o aparelho que viria a ser o chuveiro elétrico por volta dos anos 1930, quando tinha menos de 20 anos.

A invenção nasceu em meio a um desafio pessoal: o pai de Francisco sofria de reumatismo e precisava tomar banhos quentes com frequência para aliviar as dores, mas o processo era trabalhoso e demorado, já que a água precisava ser aquecida no fogão a lenha.

Segundo Heraldo Leonell, genro de Francisco, a oficina da casa foi o laboratório onde o aparelho foi testado e aperfeiçoado. “Ele desmontou o ferro elétrico para entender como funcionava a resistência que gerava calor e passou a adaptar esse sistema para aquecer a água diretamente no chuveiro”, relembra.

No início, a resistência ficava dentro do cano por onde passava a água, e o aparelho era ligado para aquecer o líquido instantaneamente. Francisco enfrentou muitos desafios, como o superaquecimento da resistência, que chegava a queimar se não fosse resfriada pela água em circulação.

Apesar do risco aparente da combinação entre eletricidade, água e pessoas descalças, o aparelho foi desenvolvido com cuidados que garantem a segurança — explicação que o próprio inventor costumava dar para tranquilizar as pessoas quanto ao uso do chuveiro elétrico.

Embora versões primitivas de chuveiros já existissem em civilizações antigas, como Egito e Grécia, foi a invenção de Francisco Canhos que revolucionou a forma como os brasileiros passaram a se banhar, popularizando o chuveiro elétrico em todo o país.

Hoje, o chuveiro elétrico é sinônimo de conforto e praticidade, presente em quase todas as residências brasileiras, graças à engenhosidade de um jovem paulista que transformou uma necessidade familiar em uma invenção que mudou hábitos e melhorou a qualidade de vida de milhões de pessoas.