O técnico Renato Paiva não resistiu à pressão e foi demitido pelo Botafogo na madrugada desta segunda-feira (1º), menos de 48 horas após a eliminação para o Palmeiras nas oitavas de final do Mundial de Clubes, nos Estados Unidos. A derrota por 1 a 0 na prorrogação selou o fim da passagem do português pelo comando técnico do Glorioso.

Em comunicado oficial, o clube agradeceu os serviços prestados por Paiva e sua comissão técnica, destacando a vitória histórica sobre o Paris Saint-Germain, ainda na fase de grupos do Mundial, além da classificação para as oitavas de final da Libertadores e da Copa do Brasil.

“O clube agradece Paiva e seus auxiliares pelos serviços prestados ao Glorioso nos últimos meses – com destaque para a vitória histórica contra o Paris Saint-Germain, na Copa do Mundo de Clubes, e a classificação para as oitavas de final da Libertadores e Copa do Brasil”, publicou o clube.

Pressão interna e desgaste com torcida

A saída de Paiva, no entanto, já vinha sendo discutida internamente. Segundo fontes do clube, o empresário John Textor, dono da SAF do Botafogo, ficou particularmente incomodado com a postura excessivamente cautelosa do time na eliminação para o Palmeiras. Em reunião com o elenco após a derrota, Textor cobrou um estilo de jogo mais ofensivo e afirmou que o clube seguirá em busca de títulos com uma filosofia de futebol mais agressiva.

“John Textor e a diretoria do Departamento de Futebol estão no mercado em busca de um novo técnico para o desafio de continuar no caminho dos títulos, lutando pelos bicampeonatos da Libertadores e do Brasileiro e pelo inédito título da Copa do Brasil”, acrescentou a nota oficial.

Chegada turbulenta e desafios acumulados

Renato Paiva chegou ao Botafogo em meio à pressão da torcida, que ainda lamentava a saída do compatriota Artur Jorge, campeão da Libertadores e do Brasileirão na temporada anterior. A diretoria levou 55 dias para anunciar o substituto, e Paiva herdou um ambiente hostil, com a torcida cobrando resultados imediatos.

Seu histórico recente também pesou: em 2023, ele deixou uma má impressão à frente do Bahia, e sua escolha foi vista como arriscada. Os tropeços iniciais — com derrotas para Flamengo e Racing-ARG, nas finais da Supercopa do Brasil e da Recopa Sul-Americana — aumentaram o desgaste com a arquibancada.

Ainda assim, o time conseguiu se classificar às oitavas de final da Libertadores, onde enfrentará a LDU, do Equador, e permanece no G-6 do Campeonato Brasileiro, atualmente na oitava colocação, com 18 pontos, seis atrás do líder Flamengo.

Campanha histórica e eliminação amarga no Mundial

Apesar da eliminação nas oitavas, o Botafogo surpreendeu na fase de grupos do Mundial, conhecida como “grupo da morte”. A equipe venceu o Seattle Sounders na estreia e protagonizou uma das maiores vitórias da história recente do clube ao derrotar o Paris Saint-Germain, atual campeão da Champions League, por 1 a 0.

Na última rodada, perdeu para o Atlético de Madrid, mas se classificou pelo saldo de gols superior. A campanha, porém, terminou diante do Palmeiras, em um confronto equilibrado decidido apenas na prorrogação.

Próximos passos

O elenco alvinegro retorna ao Brasil nesta terça-feira (1º) e terá um período de folga antes da reapresentação, ainda sem data definida. A diretoria trabalha para que o novo treinador já esteja com o grupo na volta aos treinos. O próximo compromisso do time será o clássico contra o Vasco, no dia 12 de julho, em Brasília, pela sequência do Brasileirão.